NG7 - DR1

DR 1 - Contexto privado

Violência doméstica


Hoje afirmamos que a Violência Doméstica também mata em Portugal.
Constatámos, após diversas consultas, que 50 mulheres foram assassinadas pelos seus maridos, companheiros ou namorados, durante um ano. Sabemos que este número está incompleto.De certeza que o número peca por escasso. Muitas outras situações aconteceram. Mas este número fala por si, já é assustador!


São cada vez mais os homens que se queixam de violência doméstica, representando 15% das participações na GNR e PSP, segundo o Gabinete Coordenador de Segurança (GCS). A percentagem das vítimas masculinas é idêntica nos meios rurais e urbanos, o que revela uma alteração das mentalidades, defendem autoridades policiais e os técnicos.

"O número de vítimas do sexo masculino está a aumentar e, provavelmente, são muito mais que os que se queixam", refere a socióloga Elsa Pais, que se encontra a fazer um doutoramento sobre violência conjugal. De acordo com a socióloga, o homem que admite ser maltratado pelo cônjuge ou companheira ainda é mal visto na sociedade portuguesa. "É preciso ter muita coragem para apresentar queixa por ter sido agredido pela mulher, sobretudo nos meios pequenos", diz Leonel Carvalho, secretário-geral do GCS.

Apesar da estigmatização social, os técnicos salientam o facto de 2244 homens se terem deslocado às instalações das autoridades policiais, GNR ou PSP, para denunciarem os maus tratos das companheiras, o que revela sinais de mudança. A tendência é para o aumento de denúncias dos maridos e companheiros. (...)

Perfil.

Os perfis das vítimas são muito semelhantes, quer sejam do sexo masculino ou feminino. As pessoas que sofrem maus tratos têm entre 30 e 50 anos, estão económica e emocionalmente dependentes do agressor e têm problemas de auto-estima e de falta de confiança.

Quanto às motivações ou características que podem potenciar a agressão, as mulheres sofrem de perturbações psicológicas e de comportamento, enquanto que os homens têm problemas de alcoolismo. O álcool surge, muitas vezes, associado à agressão, mas Conceição Lavadinho, responsável pela Estrutura de Missão contra a Violência Doméstica, explica a causa principal "é anterior ao consumo. São pessoas que não têm resistência à frustração e qualquer factor de stress as descompensa". (...)